terça-feira, 29 de abril de 2008

um misto de alegria e tristeza.

Falar de rap é sempre muito difícil, pois infelizmente ainda somos vitimas de muito pré-conceito e como isso vem de muito tempo parece que o discurso é o mesmo, mas se engana quem pensa assim, o discurso não é o mesmo e sim a sociedade que não evolui.
Hj é terça-feira 29 e acabo de chegar da gravação do programa "Manos e Minas" com apresentação de Rappin Hood e apresentado às quartas-feiras 20:30hs na tv cultura (estréia 07/05). Um programa de auditório e gravado ao vivo. Quem conhece um pouco dos bastidores de uma emissora de televisão, sabe que este tipo de programa é o mais caro e o mais difícil de se fazer. Esse programa é uma grande vitória para a cultura hip-hop (esse não é o único tema do programa mas além de ser um deles, o programa tb tem um rapper como apresentador) e, como não poderia ser diferente estou muito feliz com isso. Parabéns ao Rappin pela conquista.
Por outro lado, estou muito triste com o jeito que foi tratado o rap na virada cultural. O rap, e nenhum movimento artístico em si, tem culpa por eventuais tumultos em shows, a culpa pode ser de qualquer coisa, da policia, do artista, do publico, mas nunca do movimento em si. Digo isso pq, o núcleo de shows e dos eventos da virada sempre foi o centro velho da capital e a idéia de transição do publico entre um palco e outro é fenomenal. Porém, o palco dedicado ao rap ficou muito afastado, do outro lado do terminal Parque D. Pedro, ou seja, sem nenhuma possibilidade de interação com o resto do evento.
Isso não é o pior, o único espaço fechado e com revista para entrar era o de rap e ainda por cima foi proibido o comercio de bebidas alcoólicas dentro desse espaço. PORRA! Ninguém aqui é marginal para ser tratado dessa maneira. A favela me ensinou a nunca apontar o dedo a ninguém e dizer sempre que não vi nada, porém, são inúmeros os exemplos que já tivemos de tumultos em shows de rock, reggae e mpb e, só o rap teve essa retaliação.
O que fica claro nisso tudo é que a rede record de televisão conseguiu o que queria, marginalizar o rap e conseqüentemente a periferia. Para os desavisados, dias depois do tumulto na virada cultural do ano passado a emissora em questão subiu ao ar uma matéria bem imparcial sobre o ocorrido e, além disso, a mesma matéria que associava o tumulto ao rap falava do funk e do lado negativo dos bailes - drogas e sexo. Ou seja, não precisa ser muito inteligente para verificar aqui uma clara tentativa de marginalizar uma certa parcela da sociedade.
Passado esse ocorrido, não satisfeita um ano depois, ou seja, poucos dias antes da virada cultural deste ano, a emissora voltou a exibir a mesma matéria.

Bom saldo disso tudo...
1. A prefeitura de SP, através de seu desconhecido líder "o prefeito" e suas secretarias, é preconceituosa - o que é crime baseado na legislação brasileira.
2. A rede record de televisão, fruto da igreja universal do reino de Deus, não merece nosso respeito, pelo simples fato de ser raza, sem conteúdo, com (alguns) profissionais não merecedores dos cargos que ocupam.

Dica à rede record: quer uma boa pauta e uma boa matéria sobre a cultua hip-hop brasileira? Basta pesquisar um pouquinho só que vcs encontrarão a Casa do Hip-Hop de Diadema, encontrarão educadores como o rapper Criolo Doido, encontrarão artistas de gabarito como o Emicida, isso sem contar a quantidade de bons grupos que temos – Relatos da Invasão, CaGeBe, Pentágono e, por ai vai...

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