ÉPOCA – No livro Dead aid, você critica o envolvimento de celebridades nas campanhas de ajuda à África. É uma crítica a Bono, do U2, por exemplo. Por quê?
Dambisa Moyo – Por duas razões. Primeiro, não concordo que a ajuda seja o instrumento certo para estimular o crescimento econômico e o desenvolvimento africano.As celebridades estão empurrando um produto que não funciona. Em segundo lugar, as lideranças do debate sobre o futuro da África deveriam ser as autoridades eleitas do continente e a sociedade africana. Ter uma cultura de celebridades, na qual raramente vemos um líder africano falando de seus planos para o futuro, me parece errado.
Moyo – Não quero me concentrar na motivação de governos ou indivíduos. O que posso dizer é que estou muito decepcionada com as lideranças políticas internacionais. Elas não estão falando a verdade sobre a eficácia da ajuda e sobre a possibilidade de conquistar crescimento econômico na África por meio dela. Chegamos a uma situação na qual nós, como sociedade global, ficamos muito confortáveis com a visão negativa da África. O capitalismo está sob um intenso debate neste momento, todo o mundo está tentando obter um melhor equilíbrio para o sistema. Mas, no caso da África, após 50 anos e US$ 1 trilhão em ajuda, ninguém fala de uma mudança de estratégia. Nesse meio século de ajuda, a África mostrou resultados muito pobres: crescimento nulo e aumento da miséria. Mas ninguém discute isso.
- Nascida na Zâmbia, fez mestrado em Harvard e doutorado em economia em Oxford. Mora em Londres
- Trabalhou no Banco Mundial e no banco de investimentos Goldman Sachs. É diretora de uma fundação que atua com microfinanciamentos na África
Um comentário:
Olá! Tenho uma entrevista com Dambisa e um de seus críticos: um jovem estudante Africano freqüentando colégio no Canadá. Você pode escutá-lo AQUI.
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